Pope Francis

Thursday 9 May 2013

Papa Francisco: «Ninguém é dono da verdade»

O Papa afirmou esta quarta-feira que «ninguém é dono da verdade» e estimulou os católicos a seguirem o exemplo da evangelização feita por S. Paulo, que foi um «construtor de pontes» e não de «muros».
«A verdade não entra numa enciclopédia. A verdade é um encontro; é um encontro com a Suma Verdade: Jesus, a grande verdade. Ninguém é dono da verdade. A verdade recebe-se no encontro», disse Francisco, citado pelo portal de notícias da Santa Sé.
À imagem de Cristo, «que falou com todos», o cristão que anuncia o Evangelho deve «escutar todos», tendo presente que a Igreja “não cresce com proselitismo”, mas pela «atração, pelo seu testemunho, pela sua pregação».
«Os cristãos que têm medo de fazer pontes e preferem construir muros são cristãos inseguros da própria fé, não seguros de Jesus Cristo», frisou Francisco na missa a que presidiu na Casa de Santa Marta.
Foto Praça de S. Pedro. Vaticano, 8.5.2013. Foto: REUTERS/Stefano Rellandini
Quando os católicos perdem a «coragem apostólica», prosseguiu, a Igreja perde a «fecundidade» porque deixa de «ir às periferias, onde tantas pessoas são vítimas da mundanidade, da idolatria, de pensamentos débeis».
Depois da missa o Papa foi acolhido por cerca de 80 mil pessoas que o aguardavam na Praça de São Pedro para a audiência geral, que Francisco continuou a dedicar ao Credo, fórmula com os enunciados principais da fé professada pelos católicos.
FotoPapa Francisco depõe flores na imagem de Nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina. Praça de S. Pedro. Vaticano, 8.5.2013. Foto: REUTERS/Stefano Rellandini.
«O cristão é uma pessoa que pensa e age segundo Deus, segundo o Espírito Santo. Mas faço-me uma pergunta: e nós, pensamos segundo Deus? Agimos segundo Deus?» Ou deixamo-nos guiar por tantas outras coisas que não são propriamente Deus? Cada um de nós deve responder a isto no fundo do seu coração», acentuou.
Após a audiência geral,  o Papa recebeu cerca de 900 religiosas de todo o mundo, que participam na assembleia geral da União Internacional das Superioras Gerais.
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A pobreza deve ser entendida como «superação de todos os egoísmos na lógica do Evangelho que ensina a confiar na Providência de Deus», apontou.
«Pobreza como indicação a toda a Igreja que não somos nós a construir o Reino de Deus, não são os meios humanos que o fazem crescer, mas é principalmente o poder, a graça do Senhor, que opera através da nossa fraqueza», explicou.
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Para Francisco a pobreza revela-se através da «solidariedade, a partilha e a caridade», bem como na «sobriedade e alegria pelo essencial», a par da vigilância face aos «ídolos materiais que obscurecem o sentido autêntico da vida».
«A pobreza teórica não nos serve. A pobreza aprende-se tocando a carne de Cristo pobre, nos humildes, nos pobres, nos doentes, nas crianças», vincou.

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A «castidade», por seu lado, é um «carisma precioso» que faz resplandecer o «primado de Deus» e que se associa à maternidade.
«A consagrada é mãe, deve ser mãe e não "solteirona". Desculpem-me se falo assim, mas é importante esta maternidade da vida consagrada, esta fecundidade. Esta alegria da fecundidade espiritual anime a vossa existência», apelou.
FotoSolidéu do papa Francisco na cabeça de uma jovem. Praça de S. Pedro. Vaticano, 8.5.2013. Fotos: AP Photo/Alessandra Tarantino, REUTERS/Stefano Rellandini
«Sabei sempre exercitar a autoridade acompanhando, compreendendo, ajudando, amando; abraçando todos e todas, sobretudo as pessoas que se sentem sós, excluídas, áridas, as periferias existencais do coração humano. Tenhamos o olhar orientado para a Cruz. Ali se coloca toda e qualquer autoridade na Igreja, onde aquele que é o Senhor se faz servo até ao dom total de si mesmo», declarou.
FotoREUTERS/Stefano Rellandini

Rui Jorge Martins
© SNPC | 08.05.13


(http://www.snpcultura.org/ninguem_e_dono_verdade.html)