Meditar é, simplesmente, estar com atenção, agradecendo a Deus tudo o que vamos descobrindo, a respiração, as sensações físicas, os movimentos da mente, as descobertas espirituais...
Como se deve começar? Por pequenos espaços de tempo e começando com coisas simples: estar com atenção à respiração por um período de dez segundos, vinte segundos, trinta segundos, é uma boa maneira de começar. Quando o pensamento se afasta, agarrá-lo outra vez à respiração.
Depois, ir aumentando constantemente o tempo dedicado à atenção, à respiração, agradecer a Deus, à saliva na boca, à alimentação que comemos, agradecer a Deus, aos odores, mesmo que quase imperceptíveis, que nos rodeiam, às sensações na pele, começando pelos pés, pelas pernas, pelo tronco, pelos braços, pela cabeça, sempre lentamente, agradecer a Deus, pelos sons que escutamos, pelo silêncio de uma igreja ou do nosso quarto, com os barulhos longínquos do burburinho da cidade ou dos pássaros a chilrear, agradecer a Deus, pelas paisagens belas que vemos, pelos pequenos detalhes, uma flor, um pássaro, uma pedra, uma obra do Homem, agradecer a Deus...
A atencão, a meditação, é estar com Deus.
Existem três níveis de atenção.
Num primeiro nível, a desatenção é quase total, é quando estamos quase inteiramente nas mãos do mal.
Num segundo nível preocupamo-nos em "estar atentos" mas é numa atenção mundana aquela em que estamos concentrados, é a preocupação em controlar, em estar atentos para que "as coisas não corram mal". Neste segundo nível, mesmo quando estamos preocupados com o bem-estar dos outros (e não embrenhados numa atenção puramente egoísta), estamos ainda a jogar no terreno do mal, ansiosos por vezes, frustrados noutras; embora tenhamos alguma capacidade de manobra (que não temos quando estamos simplesmente desatentos), continuamos a jogar no terreno do inimigo e é ele que condiciona a maior parte das nossas acções.
Num terceiro nível, estamos atentos, simplesmente atentos, atentos a tudo e a todos os detalhes. Sem julgar. Sem nos preocuparmos. Sabendo que tudo está nas mãos de Deus e que o melhor modo de O podermos ajudar é estar com a máxima atenção a tudo, sobretudo às pequenas coisas, às coisas mais simples. Como se fôssemos os olhos de Deus, os ouvidos de Deus, o olfacto de Deus, a pele de Deus, o paladar de Deus, a respiração de Deus, o corpo de Deus, o pensamento de Deus.