"É um tema do qual me fui apercebendo, durante anos, ao ler um livro de um autor italiano, com um título muito sugestivo: Teologia del fallimento, ou seja, teologia do fracasso,
onde se expõe como Jesus entrou em paciência. Na experiência do limite,
no diálogo com o limite, forja-se a paciência. Às vezes, a vida
leva-nos não a «fazer», mas sim a «padecer», suportando, sustentando as
nossas limitações e as dos outros. Transitar a paciência é
apercebermo-nos de que o que amadurece é o tempo. Transitar em paciência é deixar que o tempo paute e amasse as nossas vidas".
"Transitar em paciência implica aceitar que a vida é isso: uma
aprendizagem contínua. Quando uma pessoa é nova, julga que pode mudar o
mundo; e isso está certo, tem de ser assim. Mas, depois, quando procura,
descobre a lógica da paciência na própria vida e na dos outros. Transitar em paciência é assumir o tempo e deixar que os outros façam a sua vida.
Um bom pai, tal como uma boa mãe, é aquele que vai intervindo na vida
do filho o suficiente para lhe marcar as pautas de crescimento, para o
ajudar, mas que depois sabe ser espetador dos fracassos próprios e
alheios, e os supera".
"... segurar o papagaio [de papel] assemelha-se à atitude que é
preciso ter perante o crescimento da pessoa: em dado momento, é preciso
dar-lhe corda, porque «rabeia». Dito de outra maneira: é preciso dar-lhe
tempo. Temos de saber pôr o limite no momento justo. Mas, outras vezes,
temos de saber olhar para o outro lado e fazer como o pai da parábola,
que deixa que o filho se vá embora e desperdice a sua fortuna, para que
faça a sua própria experiência"
"Quantas vezes, na vida, é preciso travar, não querer atingir
tudo de repente! Transitar na paciência pressupõe todas essas coisas: é
claudicar da pretensão de querer solucionar tudo. É preciso fazer um
esforço, mas entendendo que uma pessoa não pode tudo. Há que relativizar
um pouco a mística da eficácia".