Pope Francis

Tuesday 9 December 2014

Conto de Natal

THE SELFISH GIANT ( O GIGANTE EGOÍSTA ) Um conto de Oscar Wilde

Toda tarde, quando voltavam da escola,as crianças costumavam ir brincar no jardim do gigante.
Era um jardim grande e agradável com um macio e verde gramado.
Aqui e ali havia sobre a grama belas flores com estrelas e havia doze pessegueiros que no tempo da primavera floresciam com delicadas flores rosadas e peroladas e no outono produziam ricas frutas. Os pássaros pousavam nas árvores e cantavam tão docemente que as crianças paravam de brincar para escutá-los.  "Como nós somos felizes aqui" eles falavam uns aos outros.
Um dia o Gigante voltou. Ele tinha ido visitar o seu amigo no "Cornish Ogre" e permaneceu com ele durante sete anos. Após  terem se passado sete anos e  já se tivesse sido dito tudo, pois a conversa entre eles era limitada, ele resolveu voltar para o seu próprio castelo.
Quando ele  chegou viu as crianças brincando no jardim.
"O que vocês estão fazendo aqui?" ele gritou com uma rude voz, e as crianças correram para fora.
"O meu jardim é o meu jardim"- disse o Gigante " Eu não permitirei que ninguém brinque  nele a não ser eu mesmo".  Então ele  construiu um alto muro em volta e colocou uma placa com o aviso: OS INTRUSOS SERÃO PROCESSADOS
Era um Gigante muito egoísta.
As pobres crianças não tinham mais, agora, lugar para brincar.
Elas tentaram brincar na rua, mas a rua era muito suja e cheia de pesadas pedras e elas não gostavam. elas costumavam rodear o alto muro quando suas aulas terminavam e conversavam sobre o belo jardim: "Como éramos felizes lá" eles diziam uns aos outros.
Então, chegou a Primavera e o país todo estava com pequenas floradas e passarinhos. Somente no Jardim do Gigante egoísta era ainda inverno. Os passarinhos não cuidavam de cantar , lá não havia  crianças e as  árvores esqueceram de florir. Uma vez uma bela flor colocou sua cabeça para fora da grama, mas quando ela viu a placa com o aviso, ficou tão triste pelas crianças que ela voltou para dentro do chão e voltou a dormir.
As únicas pessoas que estavam satisfeitas eram a neve e a geada: "A primavera esqueceu deste jardim" eles exclamavam, "então nós viveremos aqui durante todo o ano".
A neve cobriu toda grama com seu grande manto branco  e a geada pintou todas as árvores de prata.
Então, eles convidaram o Vento Norte para vir ficar com eles  e ele veio. Ele estava embrulhado em peles e rugiu todo o dia sobre o jardim e golpeou as chaminés.
"Este  lugar é uma delícia" ele disse. "Nós devemos chamar o Granizo para uma visita".
Então veio o granizo. Todo o dia , por três horas ele chacoalhou o telhado do castelo até quebrar a maioria das telhas e então girava, girava e girava em volta do jardim tão rápido quanto podia.
Ele estava vestido de cinza e seu sopro era como gelo.
" Eu não entendo por que a primavera está demorando para vir" disse o Gigante egoísta quando sentou-se perto da janela e olhou para o seu branco e gelado jardim. " Eu espero que haja uma mudança no tempo".
Mas a Primavera nunca vinha, nem o Verão. O Outono dava frutos dourados em todos os jardins mas no jardim do Gigante não  dava nenhum.  "Ele é  tão egoísta" ele dizia. Então, era sempre inverno lá  e o Vento Norte, o Granizo , o Gelo e a Neve dançavam entre as árvores.
Uma manhã o Gigante estava recostado em sua cama  quando escutou um canto adorável. Ele soava tão doce em seus ouvidos que ele pensou que  deveriam ser os músicos do rei que estavam passando. Realmente , era só um pequeno pássaro cantando fora de sua janela, mas fazia tanto tempo que ele escutara um pássaro em seu jardim que para ele parecia ser a mais bela música do mundo. Então o granizo parou de dançar sobre sua cabeça e o vento norte parou de soprar e um perfume delicioso chegou até a ele através da veneziana aberta . " Eu creio que por fim chegou a primavera" disse o Gigante, ele saltou da cama e olhou para fora.
O que ele viu?
Ele viu a mais linda cena
Através de um pequeno buraco na parede do muro as crianças rastejaram para dentro do jardim e sentaram-se nos ramos das árvores.Em cada ramo de árvore ele podia ver um criancinha.
E as árvores estavam tão felizes de ver as crianças de volta que  novamente se cobriram de flores e gentilmente estendiam seus braços  sobre as cabeças das crianças.
Os pássaros voavam e chilreavam  com prazer e as flores do gramado olhavam para cima sorrindo.
Era uma adorável cena.
Somente num canto mais afastado do jardim era ainda inverno, onde se encontrava parado um garotinho. Ele era tão pequeno que não podia  subir pelo galhos da árvore e a rodeava chorando amargamente. A pobre árvore estava ainda coberta de gelo e neve e o Vento Norte soprando e rugindo sobre ela.
"Suba  menininho" disse a árvore e inclinava seus ramos para o mais baixo quanto pode mas o menininho  era muito pequeno.
E o coração do Gigante se derreteu quando olho para fora. "Como tenho sido egoísta" ele disse, "Agora eu sei porque a Primavera não vem mais aqui. Eu colocarei o pobre menino em  cima da árvore, e então, derrubarei o muro e o meu jardim será o lugar de diversão para as crianças para todo sempre".
Ele estava realmente muito magoado pelo que tinha feito. Desceu as escadas e abriu a porta bem suavemente e foi para o jardim. Mas quando as crianças o viram fugiram assustadas e o jardim ficou novamente invernal.  Somente o garotinho não correu , pois seus olhos estavam tão cheios de lágrimas que ele não viu o Gigante vindo.  E o Gigante parou atrás dele e delicadamente pegou-o com suas mãos e o colocou em cima da árvore. E  a  árvore   mais uma vez floresceu e os pássaros vieram e cantaram nela e o garotinho estendeu seus braços  e abraçou o pescoço do gigante e beijou-o.  E as outras crianças que estavam observando de longe voltaram correndo e com elas voltou a Primavera.
"Agora o jardim é de vocês, criancinhas" disse o Gigante e pegou um grande machado e colocou abaixo o muro. Quando as pessoas foram ao mercado às doze horas encontraram o Gigante brincando com as crianças no mais belo jardim que jamais tinham visto.
Ao longo de todo o dia eles brincaram e quando a noite chegou o Gigante lhes disse adeus.
"mas onde está o seu  pequeno companheiro?" ele  disse "Eu o pus na árvore"- O gigante gostara mais dele porque ele o havia beijado.
" Nós não sabemos" responderam as crianças "Ele foi  embora".
"Vocês digam a ele que volte aqui amanhã", disse o  Gigante.  Mas as crianças disseram que não sabiam onde ele morava e nunca o tinham visto antes, e o Gigante sentiu-se muito triste.
Toda tarde quando fechava a escola, as crianças vinham e brincavam com o Gigante. Mas, o menininho nunca mais foi visto.
O gigante era muito atencioso com todas as crianças mas sentia falta do seu primeiro amiguinho e sempre falava dele. "Como eu gostaria de vê-lo" ele costumava dizer.
Os anos se passaram e o Gigante ficou velho e fraco. Ele não podia brincar mais, então ele sentava numa poltrona e assistia as crianças brincarem e admirava o seu jardim. "Eu tenho flores muito belas" ele dizia "mas as crianças são as mais belas flores de todas".
Numa manhã de inverno ele olhou através de sua janela  enquanto se vestia.
Ele agora não odiava o inverno pois sabia que era apenas a primavera que estava adormecida e as flores estavam descansando.
Repentinamente ele esfregou seus olhos  assombrado e olhou e olhou. E certamente era algo maravilhoso. No lugar mais afastado do jardim estava uma árvore coberta com adoráveis flores brancas. Seus ramos eram dourados  e em sua ramagem havia um fruto prateado. Embaixo  da árvore encontrava-se  o garotinho que ele tanto gostara.
O Gigante  desceu correndo as escadas em grande alegria e foi para o jardim.Ele apressou seus passos através do gramado  e chegou perto do menino. Quando olhou de perto, seu rosto ficou vermelho e bravo e ele disse: " quem ousou  machucar você? pois nas palmas das mãos do menino estavam as marcas de dois pregos e as marcas de dois pregos estavam nos seus pezinhos.
"Quem ousou machucar você?" gritou o Gigante. "Diga-me que eu pegarei minha espada e o matarei"
"Ninguém" respondeu o menino "mas estas  são  feridas do Amor"
"Quem sois?" disse o Gigante e com  um estranho sentimento de veneração  ajoelhou-se ante o Menino. E o Menino sorriu para o Gigante." Deixe-me brincar mais uma vez em seu jardim,hoje você virá comigo para  o meu jardim que é o Paraíso."
E quando as crianças correram a tarde para o jardim encontraram o Gigante morto debaixo da árvores todo coberto  por brancas flores.

OSCAR WILDE
Traduzido  por Guaraciaba Perides

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