Senhor, ajuda-nos a fazer jejum das palavras.
Das palavras desnecessárias, ruidosas, poluídas.
Das palavras dúplices e opulentas, das palavras que atropelam,
das palavras injustas, das palavras que divergem e atraiçoam, das palavras que separam.
Ajuda-nos a jejuar das palavras que Te escondem,
das palavras onde o amor não emerge, das palavras confusas, ressentidas, atiradas como pedras, das palavras que muralham a comunicação, das palavras que nada mais permitem senão palavras.
E que nesse jejum abramos mais o coração àquele silêncio onde os encontros verdadeiros se insinuam.
José Tolentino Mendonça, in Um Deus Que Dança
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